Iara e a Eletricidade
Por que as chamadas “fontes de energia limpas ou renováveis” não emplacam? Começamos a responder esta questão no artigo intitulado Iara e o Etanol ; damos prosseguimento ao assunto abordando agora o uso da eletricidade como força motriz de veículos.
Bem, o carro elétrico não polui, certo? Sim, sim, quer dizer, bem, não polui. . . diretamente. Como assim? Ora, para o carro elétrico rodar ele precisa do que?
Eletricidade!!!!
Certo!!! E quais as principais fontes geradoras de eletricidade em nosso mundo atualmente? Bem, vejamos os dados da International Energy Agency:
Carvão mineral: cerca de 40%
Gás Natural: cerca de 20%
Nuclear: 15%
Hidrelétrica: 16%
Fonte IEA, 2008
Pois é, 60% da energia elétrica do mundo é produzida às custas de grandes emissões de CO2; tudo bem, o gás natural é menos poluente que o carvão (emite uns 50% menos CO2) mas também polui. Tem as usinas nucleares que não emitem CO2, mas que geram um dejeto, digamos, bastante inconveniente. E tem também as hidrelétricas, amplamente difundidas em nosso país, que seriam, em tese, as menos danosas ao meio ambiente. Bom, levando-se em conta a atual matriz energética global poderíamos, do ponto de vista ambiental, considerar o carro elétrico um natimorto. Porém, vamos dar mais uma chance para ele.
Tecnicamente falando, tem mais alguma coisa aí para atrapalhar a adoção em massa de veículos movidos a eletricidade? Tem sim, a bateria. Elas são caras, demoram para carregar (horas e horas) e tem pequena autonomia (uns 150 km). Portanto, a tecnologia de armazenamento da energia elétrica teria que evoluir bastante.
Bem, mas tem os veículos híbridos, que funcionam com eletricidade e combustível fóssil, não tem? Tem sim, mas acabam rodando muito mais com derivados de petróleo do que com eletricidade e aí, temos, então uma ½ solução para o problema da emissão de CO2. . . 1/2 não, 1/3 de solução melhor dizendo.
Ora, pois então mudemos a matriz energética mundial!!! Não dá para gerar energia elétrica a partir do Sol e do Vento? Dá sim. . . mas este é assunto para um próximo artigo.
Antônio:
este seu artigo dá melhor esclarecimento aos leigos do problema energético global. Simplificando: apesar de uma metade do planeta receber, initerruptamente, um abundante banho de energia luminosa conversível em qualquer outra forma, o problema é que ela é dispersa e, neste estado pouco atende às necessidades industriais, assim como algumas sociais. A dificuldade é que o custo financeiro para concentrá-la artificialmente e utilizá-la em fornalhas e como combustíveis automotivos, é muitas vezes maior do que os preços que os bens produzidos podem alcançar nos mercados. Isso ocorre com todas as outras formas de aproveitamento alternativos, e o que inviabiliza a continuidade do sistema capitalista que, para sobreviver, necessita de energia barata para alimentar o consumismo que é a fonte de seus lucros. Portanto, contemplando o aspecto energético como um “todo global” não vemos nenhuma alternativa racional e econômicamente viável para alimentar equilibradamente a voracidade consumista.
Caro Antonio,
O seu raciocínio vai indo muito bem. Só que o foco da sua preocupação é o automóvel. Agora digo eu: automóvel não é produto básico para a vida. Podemos viver muito bem sem automóvel. Ele nunca fez falta até o século XVIII. Vamos eliminá-lo da equação?
Caríssimos Antídio e Maurício:
Grato pela leitura e pelos comentários.
Sei, Maurício, que você possui uma posição bastante bem formada a respeito das chamadas “fontes de energia alternativas”. Mas acredito que ainda exista gente “sonhando” com o assunto, inclusive nos meios ambientalistas. Peço, portanto, a todos os leitores que suportem um pouco mais os “(desen)cantos de Iara”; embora pretensiosos, eles tem um objetivo que julgo nobre. . . o de desmistificar.
Grande abraço